BIRMANIA. O último golpe dos ditadores fardados. Na foto, a Nobel da Paz.
Por Wálter Fanganiello Maierovitch
IBGF, 26 de outubro de 2006.
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A Nobel da Paz continua em prisão domiciliar. |
A Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi (62 anos) , deixou por poucas horas a prisão domiciliar em que se encontra em Ranggon (Birmânia-Myanmar) desde 1989 para se encontrar com o general Aung Kyi (não são parentes)
A vencedora do Nobel da Paz de 1991 aceitou se reunir com o Aung, o mais novo general da cúpula da ditadura que governa a antiga Birmânia.
Nomeado no início de outubro, em plena repressão aos monges budistas que se manifestaram contra o governo militar, o general assumiu o ministério das Relações com a Oposição.
O encontro com a Nobel tinha sido recomendado à Junta militar da Birmânia por Ibrahim Gambari, um nigeriano enviado e da confiança do secretário geral da Organização das Nações Unidas.
Na ocasião, Gambari tentava acalmar os ditadores de farda que tinham determinado, em setembro passado, a repressão aos monges budistas. Isto em protesto contra o custo de vida. Os monges fizeram uma passeata até a casa da Nobel, em prisão domiciliar desde 1989.
As forças birmânianas, durante e após os protestos, mataram mais de 200 manifestantes e prenderam cerca de 6 mil pessoas.
Como prometido a Cambari, a Nobel e líder de oposição foi tirada da prisão para inciar um diálogo com o governo.
O encontro entre a Nobel e o homônimo general foi mostrado pelo canal oficial de televisão. Só que o conversado não foi revelado. E a Nobel não pode dar entrevista e nem falar com os membros do seu partido, considerado clandestino.
Em resumo. Apenas a imagem de Aung San Suu Kyi apareceu nos vídeos.
Com tal estratégia, os generais birmânianos aproveitam para passar ao mundo, enganosamente, a idéia que o país voltou à normalidade e que se restabelecem canais para uma transição democrática.
Na verdade, nada disso acontece. Casas continuam a ser invadidas, pessoas presas e campos de prisioneiros estão abarrotados de pessoas que se manifestaram contra a ditadura.
PANO RÁPIDO. O secretário geral da ONU e o seu emissário Gambari protagonizaram uma batalha de Pirro. A mise-em-scene dos generais não convence observadores internacionais.
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